Saravá os Boiadeiros!
Vamos falar um pouquinho sobre essas entidades tão queridas, aproveitando que este é o mês das suas festas.
Os Boiadeiros foram, na sua vida terrena, habitantes dos sertões brasileiros, que trabalharam como vaqueiros e tropeiros. Por isso, embora sejam Caboclos, não usam trajes indígenas, mas as roupas de couro e os acessórios de montaria e do ofício de vaqueiro, como laço, chicote e capanga. Quando se manifestam, dançam como se estivessem cavalgando e laçando animais, e entoam o grito de aboio do vaqueiro: "Êeee, boi!"
As especialidades dos Boiadeiros são realizar curas espirituais e desfazer feitiços. Nas giras de trabalho, eles apreciam a seriedade e o respeito. Mas suas festas são muito animadas, com muita música, dança das entidades incorporadas, e muita comida para arrematar os trabalhos.
Os Boiadeiros gostam das comidas dos viajantes do sertão, como feijão tropeiro, arroz de carreteiro e farinha.. Bebem de preferência cachaça (pura ou adoçada com rapadura), garrafadas e sucos de ervas. E não podem faltar as frutas, especialmente as brasileiras e as mais fáceis de encontrar nas feiras e pelas estradas sertanejas: banana, mamão, laranja, goiaba, caju, jaca etc.
As oferendas para os Boiadeiros devem ser postas em pastagens ou campos, de preferência numa quinta-feira. Recebem suas comidas, bebidas e flores.
Suas plantas são principalmente a samambaia e a jurema, e aceitam todas as flores.
Os Caboclos Boiadeiros são mais ligados à Linha de Xangô. Por isso suas festas anuais ocorrem nos dias 24 e 29 de junho, dias de São João e São Pedro, que são sincretizados na umbanda com qualidades de Xangô. E também são dois dos santos das Festas Juninas, uma das maiores expressões da vida sertaneja. Por coincidência (ou nem tanto...), 24 de junho é o Dia do Caboclo no calendário de datas do Brasil.
Neste mês, salvamos os Boiadeiros de todo coração com sua saudação ritual:
Xetro, marrumbá xetro!
Xetruá, Boiadeiro!
