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Libre em Buenos Aires

Libre em Buenos Aires

Mercado - Quinta-feira, 03 de Julho de 2014 - Por: Mariana Warth e Raquel Menezes

Segunda-feira, dia 5 de maio, a LIBRE participou, a convite da Biblioteca Mario de Andrade, da Feira do livro de Buenos Aires, representada pelas diretoras Mariana Warth e Raquel Menezes. A organização da feira, muito bem localizada (em frente ao jardim zoológico, em Palermo) está de parabéns, ainda mais se tratando de um evento que dura quase um mês.

O estande da Biblioteca Mário de Andrade era bem simples, mas com recursos tecnológicos interessantes. A simplicidade, neste caso, era uma virtude: o material de construção era aglomerado de madeira e para decoração foram utilizados tecidos feitos na periferia de São Paulo. Muito charmoso. A periferia marcou presença também com os shows dos Racionais MCs e do Emicida!

A mesa para que a LIBRE foi convidada tinha como tema "O desafio das editoras pequenas" e reuniu, além da Libre, a editora Lote 42, a Patuá, o Allan da Rosa das edições Toró e a Galeria, uma editora argentina. A mesa, mais precisamente o João, da Lote 42, apresentou números sobre o mercado editorial, como por exemplo, a quantidade de livrarias X quantidade de pet shops na cidade. (Para nosso desânimo, mas não para nosso espanto, o número de casas de animais é duas vezes maior do que o de casas de livros).

Mariana Warth, em sua apresentação da LIBRE, discorreu sobre o termo independente, diferenciando-o da ideia frequente de pequena editora. Outro ponto que não faltou nesta fala foi a importância das Primaveras, tanto para editora ter contato com o leitor, mas também para que os canais de venda estejam a par de nossas publicações.

No momento seguinte, discutiu-se sobre os novos canais de venda e marketing, ou seja, e-comerce e facebook. Apesar de entender o tom romântico de alguns dos participantes da mesa, já que nossa área muitas vezes têm na paixão um dos motivos de resistência, foi preciso acentuar que é preciso fazer parte do mercado, enfrentando-o.

A impressão sob demanda, uma opção para editoras pequenas, inclusive por causa do tamanho de seus estoques, muitas vezes acaba sendo um obstáculo na hora da distribuição, pois sabemos que para uma vida econômica saudável é preciso ter faturamento e só os canais de venda próprios podem ser insuficientes. Uma editora independente, assimo, só pode ter saúde financeira num mercado mais justo, mas precisa também estar atenta às ofertas e às demandas do mercado. Nosso papel como editores  independentes é político, tanto na hora de escolher e apoiar autores iniciantes quanto na disputa por espaço no mercado.

Ainda no que tange ao nosso papel político, um outro ponto interessante foi a conversa sobre as compras governamentais. A ação da LIBRE para mudar o edital do PNBE, bem como a participação da nossa entidade em feiras nas periferias, foi destacada.

A atenção do público para a fala e os comentários dos representantes da Biblioteca Mário de Andrade deixam claros que o debate foi inteligente e bem recebido. O conceito de editora independente e a ideia de que é preciso ser político na nossa área de atuação foi exaltado, pois, mais que um hobby – como algumas editoras se veem ou são vistas -, nossa área de ação deve ser entendida como uma área da economia, assim como o fazem os grandes grupos editoriais.

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